terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Mangá

Um Fenômeno Mundial

Você sabe o que é um mangá?
Se você procurar a palavra no dicionário Oxford vai encontrar a seguinte definição: “São quadrinhos e desenhos animados japoneses que tem como tema ficção cientifica ou fantasia.”

No entanto essa definição está completamente errada. Para começar mangás não são animações, apesar de terem uma relação muito próxima; segundo que mangás abrangem mais do que os genêros de ficção cientifica e fantasia, eles abrangem todos os temas, alguns, inclusive temas pessados como estupro e assassinatos.

Se me perguntassem qual a definição eu daria à palavra mangá, teria de concordar com o escritor do livro “Mangá, Como o Japão Reinventou os Quadrinhos”, Paul Gravette, e dizer:

“Mangá é um dos gêneros literarios da atualidade, um tipo único de arte que vem crescendo no mundo todo e com o qual o Japão conseguiu se reerguer após a Segunda Guerra Mundial.”

Logo depois do fim da Segunda Grande Guerra, o Japão ficou sob a “tutela” dos EUA, que proibiram todo o tipo de praticas esportivas pelo povo japones. Então logo depois do fim do regime americano o governo japones queria estimular a volta da prática de esportes entre a população.

O meio escolhido para alcançar esse objetivo que obteve maior sucesso nessa campanha de divulgação e insentivo foi o mangá. Também foi através dos mangás que os japoneses superaram a humilhação pela perda da guerra e o massacre americano que matou milhões de pessoas e até hoje afeta as pessoas de Hiroshima e Nagazaki.

Mas não pense você que o mangá é algo infantil, no Japão existem bibliotecas e cafés especializados em atender as pessoas que gostam dessa literatura. Pessoas lêem mangás no horário de almoço, no trem lotado, em cafés, em casa, nas praças, além de outros lugares mais.

Apesar disso falar do mangá pós Segunda Guerra seria esquecer suas origem e influências, além da própria literatura japonesa que tanto influênciou esse gênero.

Os mangás tiveram origem em gravuras e “tiras” que datam pelo menos do início século XII, sendo assim, talvez, a mídia caricata e educacional mais antiga da civilização humana. Além disso foi no Japão que surgiu o que pra muitos é o primeiro romance psicologico da história humana, intitulada “Genji Monogatari” (“A História de Genji”), escrito por Murasaki Shikibu, uma das damas de compania de uma imperatriz japonesa, por volta do ano de 1004, quando a Europa ainda se encotrava mergulhada na mais profunda “Idade das Trevas”.

Não se pode negar que o mangá nasceu em meio as trevas de um Japão, que, era quase escravizado pelos EUA em termos de midia e atividades publicas. Naquela época, o governo “Provisório” não permitia o uso de mídias de oposição, sendo assim muitos dos mangás da época eram fortemente rechaçados das mãos da população. Esses mangás eram desenhados nas cores preta, branca e, principalmente, vermelha, ficando conhecido assim como “akahon” ou “livros vermelhos”, escritos por jovens que sonhavam com um Japão livre e próspero. Jovens que eram também filhos daquela escuridão pela qual o país passava.

Mas com o tempo essas histórias que tinham temas estremamente violentos foram substituidas por histórias de garotos cheios de esperanças, determinação e acima de tudo superar desafios e seus próprios limites em prol, muitas vezes, dos sonhos de outras pessoas. E com esse imagem de superação e companheirismo se espalhando pelo país e por toda a população, o Japão renasceu das cinzas, pronto para mostrar que era uma “Fênix”, o país do “Sol Nascente”.

Com isso o Japão foi ganhando o mundo, derrubando barreiras, vencendo preconceito, chamando a atenção e acima de tudo mostrando seu valor cultural.

Desde então surgiram mangás de todos os tipos cobrindo desde as séries infantis para crianças apartir de cinco anos ou menos até séries adultas de teor erótico e com muito sangue em suas páginas.

Os mangás podem ser divididos em diversas categorias. Sendo elas:

- Kodomo, usado para designar histórias infatis que em um comparativo seriam como a história da “Formiga e da Cigarra” ou da “Lebre a a Tartaruga” no ocidente. Alguns exemplos conhecidos no ocidente desse genero são as séries “Pokemon” e “Hantaro” (cujos mangás ainda são inéditos no Brasil).

- Shounen, que desiganam toda a gama de mangás para garotos de dez a dezoito anos. Normalmente suas histórias envolvem um grupo de amigos lutando contra o mal e superando suas próprias limitações em lutas que envolvam eles ou animais mágicos. Exemplos dessas séries seriam “Cavaleiros do Zodiaco”, “One Piece”, “Dragon Ball”, “Yu-Gi-Oh!” entre outras muito conhecidas no Brasil.

- Shoujo, que são literalmente a versão feminina dos shounens e normalmente tratam de romances, muito embora alguns também tenham cenas de luta e toques mágicos. Embora não tão reconhecidos por terem a fama de arte e roteiro fracos algumas séries são muito populares no Brasil, como “Sakura Card Captor”, “Sailor Moon”, “KareKano”, e muitos outros titulos.

- Seinen, seria um mangá masculino ainda adolescente, porém com as devidas tarjas de “PROIBIDO PARA MENOSRES DE 18 ANOS”, mas ainda assim juvenis. Apesar de ainda ser considerado um produto adolescente sua carga de cenas eróticas e sangue jorrando ou mesmo de corpos dilacerados é muitas vezes maior que a de um shonen. Alguns exemplos são “Tenjho Tenge”, “Bastard!”.

- Gekigá, são literalmente mangás adultos masculinos. Normalmente os titulos desse genero não ultilizam efeitos mágicos ou a fantasia em seus enredos. São séries que podem estar voltadas para o dia-a-dia de um grupo de trabalhadores ou para espionagem e assassinato no melhor estilo 007, podendo ou não conter altas cargas sexuais em sua páginas. A série “Golgo 13” é a mais longa e mais conhecida no mundo.

- Josei, são os correspondentes femininos do Gekigá. Sendo puramente adultos abordam normalmente os romances de mulheres que estão para entrar ou já frequentam uma faculdade, ou mesmo já estejam no mercado de trabalho. Normalmente possuem cenas de sexo em todos os enredos. Embora alguns possam chegar a usar pontos de fantasia são em sua maioria mais sérios e seus temas são sempre tratados de forma adulta e até realista. Alguns exemplos são “NANA”, “Honey and Clover”, “Paradise Kiss” entre outros.

- Hentai ou Ecchi, são os mangás eróticos. Normalmente suas histórias são puramente sexuais e o enredo gira em torno das aventuras amorosas de algum homem que literalmente é um “pegador azarado” que do nada vira "O" cara. Algumas podem girar em torno do relacionamento de um casal inexperiente ou mesmo (mais raramente) o personagem principal pode ser uma garota. Alguns exemplos seriam “Futari H” (popularmente chamado de o Manual do Sexo”), Love Junkies, Mouse, entre outros.

- Yaoi ou BL (Boys Love), são mangás homossexuais masculinos. Apesar do que se possa pensar são muito populares no Japão, em especial entre as mulheres. O gênero tem grande resistencia no Brasil e em outros países, porém suas histórias são publicadas em pequenas remesas e normalmente em séries de curta duração. Exemplos são “Gravitation”, “Junjo Romantica”, “Blood Honey”, entre outros.

- Yuri, são os mangás homossexuais femininos. Sua popularidade é menor até que a de seu correspondente masculino, mesmo assim possui um número grande titulos publicados. Algumas de suas histórias são muito bem feitas e com enredos que mesmo com a natureza homessexual prendem a nossa atenção, enquanto outras facilmente nos esquecemos. Alguns exemplos são “Kannazuki Miko”, “Girl Friends”, “Shoujo Kakumei Utena” (muito embora esse seja alvo constante de discuções sobre seu real gênero), “Sasameki Koto” entre outros.

Essas classificações servem essêncialmente para determinar o tipo de história contido em um titulo X do que para restringir o acesso de mulheres ou de homens a um titúlo. Assim um homem não compra um mangá de romance olhando o titulo e pensando que se trata de um shounen, compra por que sabe que é um shoujo e aprecia a história. O mesmo sendo aplicavel a uma mulher que comprará um seinen ou yaoi por gostar da história.

Para terminar essa apresentação sobre o mangá de forma geral quero resaltar apesar de tudo que já falei sobre os gêneros existentes na midia de mangás é que de forma alguma a afirmação “mangá é coisa de criança” poderia ser mais falsa.

Com o passar do tempo poderão localizar na barra de links diversos sites de mangás (de séries de todos os gêneros citados). Para quem estiver interessado já temos alguns links de leitura online geral e de um site yuri, todos devidamente visitados e sem problemas de virús.

Fontes para esse artigo: “Mangá, Como o Japão Reinventou os Quadrinhos”, “Wikipédia”, Revista “Neo Tokyo 19”, demais fontes não catalogadas pela autora no decorrer dos anos (muitas vindas de conversas com amigos ou revistas que nem sei mais quais são).

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