sábado, 21 de janeiro de 2012

O Mangá no Brasil

Parte 2 de 2

As editoras e os Titulos

Apesar dos mangás estarem presentes na arte brasileira desde de os anos 70 foi realmente só no fim dos anos 80 inicio dos 90 que sua forma tomou força.

Primeiramente por que foi nesse periodo que os primeiros animes de renome mundial foram trazidos e causaram grande alvoroço, além do aumento no número de titulos trazidos durante esse periodo para o país.

Sou uma das pessoas nascidas na década de 90 e pessoalmente tenho que dizer que foi, depois das duas guerras mundiais uma das décadas mais agitadas do século XX. Principalmente pelo fim da guerra fria, a grande explosão cultural decorrente do fim dos regimes militares no mundo todo (inclusive nos EUA que só não assumiu a ditadura classica, mas infringiu os mesmo danos que uma ditadura convencional ao próprio povo e ao mundo. Mas deixemos isso de lado agora.) e a internet.

Uma caracteristica dos primeiros mangás é o espelhamento ou, se preferir, uma adaptação estética para o modo de leitura a que estamos acostumados.

Porém quando os primeiros mangás de Dragon Ball (DB ou DBZ) e Cavaleiros do Zodiaco (CDZ) vieram para o Brasil na mesma época que Sakura Card Captor (SCC) sua formatação manteve o modo de leitura oriental. Assim os mangás começaram a entrar no mercado grafico brasileiro em sua forma original e com mais força devido ao acompanhamento de seu irmão anime nas redes de TV aberta.

Ainda assim haviam grandes preconceitos que dificultavam o caminho dos mangás no Brasil, sendo as maiores a falta de cores e o sentido de leitura.

Por conta da dúvida em relação as vendagens dos mangás os primeiros titulos não tiveram um tratamento muito estético relevante. Algumas editoras usavam olhas melhores e pecavam nas capas, outras davam capas mais resistentes e usavam um papel muito parecido com o de jornal (apenas um pouco mais resistente).

A editora de mangás mais famosa por alguns anos foi a Conrad e devo admitir que sua qualidade e prestigio só se perderam nos últimos anos. Foi ela que lançou no Brasil os mundialmente famosos: Dragon Ball, Dragon Ball Z e Cavaleiros do Zodíaco, além de séries mais pesadas como: Evangelion, Blade, Chonchu, Vagabond, Beatle Royale e Sanctuary. E outras: Paradise Kiss, Princess Ai, Cavaleiros do Zodiaco Episode G, One Piece.

Atualmente suas puplicações se resumem a Battle Royale.

Temos também a Editora JBC, que atualmente disputa o lugar de “Melhor Editora de Mangás do Brasil” entre os leitores. É uma das editoras com o maior leque de publicações no momento e também com os mais variados genêros, indo desde os populares shoujos e shonens até os ousados hentais e homossexuais, bom, ousados para a nossa cultura “puritana” na verdade.

Suas publicações em papel jornal se tornaram uma espécie de tradição entre os leitores que provavelmente sentirão falta se ele for substituido por um tipo diferente de papel agora. A resistencia do papel parece ter aumentado, mas ainda tem a mesma cor amarelada de sempre (como leitora eu admito que gosto muito).

Suas publicações incluem: 8 obras do Clamp (Sakura Card Captor, XXXHolic, X/1999, Guerreiras Magicas de Rayearth), Inu-Yasha, Rounin Kenshin (Samurai X), Love Junkies, Futari H, Full Metal Alchemist, Migi Magister Negima (Maho Sensei Negima), HunterXHunter, Tenjho Tenge, Cavaleiros do Zodíaco Lost Canvas, NANA, Love Hina, Death Note, Utena a Garota Revolucionária (Shoujo Kakumei Utena), entre muitos outros.

Depois temos a Editora Panini, que é a rival em potencial da JBC. Atualmente tem tantos mangás em publicação quanto a JBC. Tem um atrativo para com um público mais exigente mantendo muitos termos em japonês; na verdade são coisas simples, mais que contam muito para os leitores mais exigêntes. Coisas como: san, tono, sama, chan, kun, hime; termos como: ienes, Nara, kankeri, chakra, akatsuki, kyuubi, shinobi, rasegan, chidori, sennin. E isso mantem um público fiel e fervoroso (que o diga o Vincent, membro da comunidade da editora no Orkut). Claro que isso se deve ao trabalho e dedicação da equipe de edição, todos Otakus assumidos.

A atual editora-chefe da Planet Mangá no Brasil é Elza Keiko, também  mangáka brasileira. Devido ao grande número de cartas e e-mails que a editora recebe alguns mangás ganharam seções especiais aonde os editores respondem a perguntas de leitores sobre todos os assuntos. Ao dizer todos incluo pedidos de retorno da seção de cartas, dúvidas de publicações e confições de leitores solitários em suas cidades (sei disso por que acompanho, além já escrevi e me responderam, quase chorei nesse dia).

Os titulos incluem grandes sucessos, obras de terror e até mesmo alguns desconhecidos que com o tempo conseguem um grande número de fâs: Bleach, Naruto, Colégio Ouran Host Club, KareKano, Kare First Love, Abara, Marmalede Boy, Claymore, Galism, Vampire Knight, MeruPuri, One Piece (que mudou de editora após problemas da Conrad com a editora japonesa), entre outros.

O número de titulos puplicados no Brasil tem crescido de forma tão rápida que muitos fãs chegam a dizer em forúm que o mercado de mangás está superaquecendo ou seja: tem mais mangá para eles comprarem que dinheiro na carteira.

Tivemos a alguns anos uma parceria das Editoras NewPop e Lumus que entraram discretamente nesse disputado mercado com titulos curtos, porém interessantes e cativantes, obvio que cada um a sua própria maneira.

Alguns titulos que podemos citar das editoras são: Ark Angels (3 edições), Tarot Café (7 edições), the Dreeming Sonho Macrabro (3 edições), Dark Metro (3 ediçoes), Vampire Kisses (3 edições), Priest (em andamento), Planet Blood e outros que vierem a surgir.

A Lumus desapareceu do mercado de mangás tão rápido quanto entrou.
Já a NewPop permanece mantendo uma linha diferente de mangás. Como fã posso dizer que ela é a editora que dá o melhor tratamento estético aos mangás. Suas páginas são de qualidade visivelmente superior as demais e suas capas são um pouco mais resistentes. Obviamente seu preço também é maior o que a torna uma editora de poucos titulos e de titulos curtos. Porém para os fãs de Speed Racer ela publicou o mangá original em um formato muito especial (e caro, única razão que eu ainda não comprei).

Hoje o sucesso dos mangás já influênciou desenhistas coreanos, europeus, americanos e brasileiros.

Na Coreia do Sul nasceram os Manhwa’s, que aqui no Brasil tem como sua representante oficial a manhwaga Park Sang Sun, autora de dois titulos já lançados no nosso país: “Tarot Café” e “Ark Angels”.
Na Europa temos uma mangáka japonesa que trocou a correria das editoras nipônicas pela traquilidade das editoras européias. É lá que Keiko Ichiguchi mora, seu único mangá publicado no Brasil é “1945", ele fala sobre o conceito de ser humano no meio da 2ª Guerra Mundial.

De volta e ainda no Japão encontramos:
Rumiko Takahashi, nascida em 10 de Outubro de 1957, em Nigata. Ela é a mangáka mais bem paga de todo o Japão, com mais de 20 anos de carreira. Tem alguns dos titulos mais longos da história do mangá com a sua assinatura: “Ranma ½" 38 vol., “Inu-Yasha” mais de 50 vol., “Urusei Yatsura” 34 vol, entre outros.

Ryoko Ikeda, nasceu em 18 de Dezembro de 1947, em Osaka. Um nome clássico no mundo do mangá. É extremamente exêntrica e caultelosa com suas obras sempre impondo condições quanto a publicação em outros países, o que apesar de restringir o alcance de suas obras ajudou a livra-las de boas roubadas. Sua obra mais conhecida é “Berusayu no Bara” ou “A Rosa de Versales”.

Claro que também existem sites para fãs que não querem esperar. Um exemplo são sites americanos com scans (páginas digitalizadas) dos capitulos muitas vezes recem-lançados no Japão que são traduzidos a velocidade assustadoras do japones para o inglês e depois para o português ou até mesmo do japones para o português. Existem muitos scandors no Brasil, bem como sites de leitura online (alguns informam que determinado mangá está licenciado por editora “X” e pede para que compremos o mangá também, outros nem mencionam) aonde suas listas de titulos tem mais de 300 nomes sem nenhum problema.

Claro que a paciência brasileira é pouca, afinal achamos ruim atrasos de até 4 meses (eu mesma esperei um mangá que foi lançado com quase um ano de atraso). Agora imagine você, um japonês que começa a acompanhar uma série em uma revista como a Shonen Jump e vai ter que esperar até quatro meses depois da publicação do 6º capitulo da série para ter seu encadernado nas mãos. Em um total de cinco a sei meses desde a publicação do primeiro capitulo. Isso se a série for semanal.

Se for quinzenal ou mensal a espera poderia facilmente chagar a um ano completo ou mais.

Recentemente no Brasil o desenhista Maurício de Sousa, após mudar da editora Globo para a editora Panini suas publicações, fez a sua “Turma da Mônica Jovem” no estilo mangá. Embora, pessoalmente, um pouco da magica original tenha se perdido em um primeiro momento tenho que admitir que era obvio que em algum momento todos pensamos quando será que a Mônica e sua turma vão crescer? Se só eu e mais ninguém nunca pensou tem problemas mentais. Brincadeira.

Vou ser sincera e deixar o tom semi-informal (aonde?) que usei até agora (cuma?).

Desde que o Mauricio de Souza lançou a Turma da Mônica Jovem muitos outros titulos ganharam verções mangá e pessoalmente não gosto muito deles. Não pelo traço e tals, mas por que um é repetição do outro.

Até o momento Mônica e sua turma se mantem com o primeiro lugar declarado na minha opinião, justamente por que mantem uma originalidade que os outros não conseguiram.

Claro que eles ainda fazem sátiras de tudo que podem. Crepusculo, Dragon Ball, Naruto, Ragnarok, até deles mesmos misturando tantas referências juntas em um único grupo que me deixa tonta. Mas ainda são a turma da Mônica e não apelaram para um semi-plágio direto. Além disso com a nova versão dos mesmos personagens o Mauricio conseguiu abordar temas muito sérios dos jovens.

Em uma de suas histórias em dois volumes ele conseguiu abordar o bulling que as pessoas gordas e deficiêntes sofrem, a bulimia e até uma doença desconhecida pela maioria chamada hipotiroidismo que afeta a forma do corpo produzir enzimas para queima de calorias, alguns hormonios, aumenta o sono e podem aumentar o apetite da pessoa (sei disso por que tenho hipotiroidismo).

Continua sendo uma história com os mesmos conceitos de antes, porém pode abordar mais temas e assuntos mais sérios que uma criança não levaria a sério, mas um adolecente pode começar a considerar.

Ao invés disso outras histórias tem mantido um padrão de Ctrl-C /Ctrl-V de filmes e outras séries (por que pra começar todas surgiram cerca de seis meses a um ano depois do Mauricio de Souza lançar a Turma da Mônica Jovem). Nada contra de verdade, mas faça algo no mesmo conceito do original, você não precisa mudar a alma da história pra dar certo. Pode fantasiar? Claro. Sempre é bom exagerar um pouco, como nos sonhos. Mas, digo isso de coração, alguém falou que só fantasia vende?

Uma história de cotidiano pode vender mais que uma fantasia sem fim.
Adoro história “reais”, problemas que podem estar acontecendo na casa do vizinho ou na minha. As pessoas querem sair da realidade? Sim. Mas isso não significa que a realidade não agrade.

As histórias da Mônica e companhia podem estar dobradas em fantasia, mas ainda tem realidade. Usar o que está ao redor para montar uma trama é um talento do artista.

O mangá não é um sucesso só por ser uma fantasia, os conceitos reais usados nele fazem a diferença. O amor, a amizade, o abuso, a guerra, a traição, e muitos outros problemas que existem na vida cotidiana estão lá.

Só muda quem e como a pessoa/ personagem, reage a isso.

Fontes para esse artigo: Revista Neo Tokyo; sites de anime e mangá; sites de editoras; mangás; pesquisas pessoais e conversas minhas com outras pessoas.

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