quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O Mangá no Brasil

Parte 1 de 2

Correndo, Lutando e Vencendo: Do Clássico ao Futuro

Antes de realmente começar essa matéria achei conveniente salientar minha ignorancia.

Digo isso por que quando comecei a escrever achei que saberia exatamente o que escrever, mas então fiquei em dúvida e resolvi fazer uma rápida pesquisa para então ter certeza que estava literalmente ouvindo apenas a mim mesma e a minhas suposições.

No fundo acredito que não estava de todo errada, mas se for analisar os fatos como são iria cometer um grande erro. Dizer que a década de 90 foi a grande abertura do Brasil para os mangás e animes seria errado por dois motivos: ambos chegaram antes, porém os mangás tiveram o seu grande momento somente na virada do século.

Mas agora vamos ao que interessa de verdade.

Em Meados da década de 70, foram publicadas as primeiras histórias em quadrinhos baseadas em uma produção japonesesa, era Speed Racer (Mach Go Go no original), cuja série de anime foi exibida no programa do Capitão Aza, foram publicadas pela Editora Abril, as histórias eram oriundas do México (onde o piloto é conhecido como Meteoro).

Em 1978, Claudio Seto convenceu Faruk El Kathib, dono da Grafipar, editora de livros vendidos de porta em porta de Curítiba, Seto se mudará para Curítiba três anos antes, onde trabalhou como ilustrador em um jornal, na Grafipar, Seto trouxe de volta a Maria Erótica.

No final da década de 1980 e início da década de 1990 foram lançadas revistas em quadrinhos licenciadas das séries Jaspion, Maskman, Changeman, Spielvan, inicialmente pela EBAL e depois pela Bloch (que lançou uma fotonovela de Jaspion) e editora Abril que na revista Heróis da TV (que também publicou Black Kamen Rider e Cybercop), única das séries que não pertencia a Toei Company), todas produzidas por artistas brasileiros do Studio Velpa.

Tal qual a revista do Spectreman, essas também seguiam o padrão dos comics, entretanto, vários dos artistas que participaram dessas publicações publicaram HQs no estilo mangá.

Ainda nos 80, foram licenciados os primeiros mangás japoneses originais, esses títulos foram publicados em vários formatos diferentes e com as páginas espelhadas (da esquerda para direita).

Alguns clássicos foram publicados nos anos 80 e começo dos anos 90 sem tanto destaque, como Lobo Solitário em 1988 pela Editora Cedibra, primeiro mangá lançado no Brasil, Akira pela Editora Globo, Crying Freeman, pela Nova Sampa, A Lenda de Kamui (Sanpei Shirato) e Mai - Garota Sensitiva pela Editora Abril, Cobra pela Dealer.

É criada em 3 de fevereiro de 1984 a Associação Brasileira de Desenhistas de Mangá e Ilustrações, no mesmo ano Osamu Tezuka visita o Brasil e é apresentado a uma exposição com artes de vários artistas brasileiros, algum tempo depois Tezuka conhece o brasileiro Mauricio de Sousa com que estabelece uma amizade, ambos planejam um crossover entre seus personagens em longa-metragens de animação, o projeto foi engavetado após a morte de Tezuka em 1989. Mas o interesse de Mauricio de Sousa concretizou uma nova versão das aventuras da turma da Mônica nos últimos anos.

O grande "boom" de animes e mangás no Brasil veio em 1994, com o sucesso de Os Cavaleiros do Zodíaco de Masami Kurumada exibido pela Rede Manchete, várias revistas informativas como a Revista Herói (publicada em conjunto pela Acme e a Nova Sampa), surgem também as primeiras revista exclusivas sobre animes e mangás como a Japan Fury e Animax.

A Editora Escala também publica uma revista baseada numa franquia de video games, Street Fighter (pertencente a Capcom, mesma proprietária de Megaman), a revista trazia artistas que participaram das revista "O Fantástico Jáspion" e Heróis da TV da Editora Abril (Marcelo Cassaro, Alexandre Nagado, Arthur Garcia, entre outros) e apresentava um estilo híbrido entre os quadrinhos americanos e os mangás.

Ainda em 1994, Marcelo Cassaro sai da Editora Escala e vai trabalhar na Editora Trama, lá cria a revista Dragão Brasil e o sistema de RPG, Defensores de Tóquio, o jogo satíriza franquias japonesas de mangás, animes e tokusatus. Pela Trama vários de seus projetos apresentados na revista viraram histórias em quadrinhos, como Holy Avenger (uma série de RPG muito conhecida entre os fãs do segmento no Brasil).

Em 1998, a editora Animangá lança Ranma ½, primeiro título adolescente (shonen) publicado no Brasil, as edições seguiam o padrão usado pela editora Viz (formato americano, lombada com grampos, leitura ocidental) e tinha uma periodicidade irregular, a tradução ficou a cargo de Cristiane Akune da Abrademi.

Nesse mesmo ano, a Editora Trama lança uma mini-série Street Fighter Zero com roteiros de Marcelo Cassaro e arte de Érica Awano.

Em 1999, Marcelo Cassaro lança pela Trama, a revista Holy Avenger, com arte de Érica Awano, tornando o título de "mangá brasileiro" mais longevo até então.

O grande marco da publicação de mangás no Brasil aconteceu por volta de dezembro de 2000, com o lançamento dos títulos Samurai X, Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco pelas editoras JBC e a Conrad (antiga Editora Acme).

O diferencial desses títulos era dessa vez os mangás eram publicados da direita para a esquerda, lombada quadrada, meio-tankohon (metade das páginas de um volume japonês) e em dois formatos: de bolso (usado pela JBC) e formatinho (adotado pela Conrad).

Nessa época, a editora Escala lançou antologias inspiradas nas revistas japonesas e mesclava material de artistas veteranos como Claudio Seto, Mozart Couto e Watson Portela com o de aspirantes a quadrinistas, além de lançar vários manuais de Como Desenhar no Estilo mangá.

Fábio Yabu lança revistas em quadrinhos de seus Combo Rangers, uma webcomics que satiriza produções japonesas (sobretudo os super sentais) lançada em 1998. A série foi cancelada por problemas pessoais do autor que (até onde se sabe) não estava podendo dar continuidade a história (que fazia um bom sucesso no Brasil).

Em 2002, Editora Cristal lança a primeira adaptação em estilo mangá, "O Pequeno Ninja Mangá" (originalmente uma revista infantil do ínicio da década de 1990).

Em 2003, Cassaro publicaria pela Mythos Editora, Dungeon Crawlers com arte de Daniel HDR e uma reedição de Holy Avenger.

No mesmo ano, a Via Lettera publicou o álbum "Mangá Tropical, com trabalhos de Marcelo Cassaro e Erica Awano, Fábio Yabu e Daniel HDR, Alexandre Nagado, Arthur Garcia e Silvio Spotti, Elza Keiko (atual editora-chefe da Panini Mangá) e Eduardo Müller, Rodrigo de Góes, Denise Akemi e prefácio de Sônia Luyten.

Com o aumento dos títulos originais japoneses, sobretudo com o lançamento do selo Planet Manga da italiana Panini Comics em 2002 (com a publicação de Gundam Wing), que licenciou os sucessos Naruto e Bleach, os títulos brasileiros perdem força e quase .

Em 2008, Mauricio de Sousa e a esposa Alice Takeda (que é descendente de japoneses) são escolhidos para criar mascotes para o Centenário da imigração japonesa ao Brasil e anuncia o lançamento de Turma da Mônica Jovem (versão mangá adolescente da Turma da Mônica) faz surgir várias revistas similares, os chamados "Mangás Jovens" são eles Luluzinha Teen (versão adolescente da Turma da Luluzinha) e Didi & Lili - Geração Mangá (baseado na personagem Didi Mocó de Renato Aragão e na filha dele Lívian Aragão, a Lili), em 2009 e 2010 respectivamente.

No fim de 2009, começaram a ser lançados mangás didáticos, com a série O Guia Mangá, da editora Novatec, publicados originalmente pela editora Ohmsha como The Manga Guide.

Em 2010, o Studio Seasons publica uma versão encadernada de Zucker pela Newpop Editora, mangá publicando na revista informátiva Neo Tokyo da Editora Escala.

Mauricio de Sousa, anuncia seu estúdio estaria realizando um antigo projeto, uma história em quadrinhos com suas personagens e as de Osamu Tezuka.

Em Julho do mesmo ano, a HQM Editora publica os mangás Vitral e O Príncipe do Best Seller do Futago Studio.

Em 2011, o jornalista e ilustrador Alexandre Lancaster lança uma editora própria a Lancaster Editorial, a editora lança o Almanaque Ação Magazine, uma nova tentativa de implantar uma antologia de mangá brasileira, Alexandre, outrora redator do site Anime Pró e da revista Neo Tokyo, já havia lançado o projeto Ação Total no formato webcomics, hospedado no site Anime Pró, porém o projeto foi cancelado.

Julho do mesmo ano, o roteirista JM Trevisan (que ao lado de Marcelo Cassaro e Rogério Saladino forma o Trio Tormenta) e o desenhista Lobo Borges, lança a webcomic "Ledd", uma nova HQ ambientada no universo ficcional de Tormenta (o mesmo de Holy Avenger e Dungeon Crawlers), o objetivo da dupla é lançar os episódios encadernados pela Jambô Editora (semelhante ao que acontece com Combo Rangers).

Inicialmente criada uma editora de livros de RPG , a Jambô fez sua estreia no mercado de quadrinhos em 2011 publicando a versão encadernada de DBride, também ambientanda em Tormenta e publicada originalmente na revista Dragon Slayer da Editora Escala.

Com isso concluimos a primeira parte da história do mangá no Brasil.

Fontes para esse artigo: Wikipédia e revistas de animes.

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